This conversation took place in December of 2006, during the Anjos Do Picadeiro Festival in Rio De Janeiro. Shirley was speaking in Portuguese, and the Portuguese is below the English version. (abbreviations; M for Moshe, S for Shirley).
M- I’m making interviews about clowns, what it is to be a clown.
S- Uh-hum
M- Do you have some words? To you, what is clown?
S- What is clown? Well, for me… be a clown is, at first place, a privilege. A gift I got on this life and, if I wasn’t a clown, I don’t know what I would be. I think that maybe I would be a lost person; as I think that many people have the potential to be clowns and don’t know it, feel shy of it, are afraid, think that this is less interesting, to be a clown; and the true is that they don’t know how good is to be a clown.
M- Do you think it’s a heart’s language, a language…
S- I think it is a soul’s language, yes, but that after we know that there is this soul, this heart, we must also have the art. And than comes the work. Than we will transform it into a job. Than we must take this soul, this vocation and work. And after I’ll get the techniques. Because it doesn’t help just to have the soul, the spirit and try to be funny. No, we must know how to deal with it to transform it in art. I think it is like a rough stone that one has to lapidate to transform it in a diamond, in a real masterpiece.
M- I understand it.
S- So that’s it. I think it’s a hard job, but also a rewarding job.
M- Thanks.
S- Thank you.
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M- Estou fazendo entrevistas sobre clowns, o que é ser clown.
S- Uh-hum
M- Você tem algumas palavras? Para você, o que é clown?
S- O que é clown? Bom, para mim… ser palhaça é, em primeiro lugar, um privilégio. Um presente que eu ganhei nesta vida e, se eu não fosse palhaça, eu não sei o que seria. Acho que seria talvez uma pessoa perdida, como acho que muitas pessoas têm o potencial de serem palhaços e não sabem, ter vergonha disso, tem medo, acham que é menos interessante, ser palhaço; e na verdade não sabem o quanto é bom ser palhaço.
M- Você acha que é uma linguagem do coração, uma linguagem…
S- Acho que é uma linguagem da alma, sim, mas que depois que a gente sabe que existe essa alma, esse coração, temos que ter também a arte. Então aí chega o trabalho. Aí vamos transformar em ofício. Então temos que pegar essa alma, essa vocação e trabalhar. Aí sim, eu vou pegar as técnicas. Por que também não adianta só ter alma, só ter espírito e querer fazer graçinha. Não, tem que saber lidar com isso e transformar isso em arte. Acho que é como se fosse uma pedra bruta que se tem que lapidar para transformá-la num diamante, numa verdadeira obra.
M- Entendo
S- É isso. Acho que é um ofício difícil, mas é um ofício gratificante.
M- Obrigado
S- Obrigada você.